Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado de Nutrição do Centro Universitário Uni NOVAFAPI
TERESINA, 2020
RESUMO
OBJETIVO: Realizar uma revisão na literatura sobre artigos e trabalhos científicos relacionados às necessidades nutricionais específicas dos idosos, bem como, os fatores que influenciam na promoção da qualidade de vida deste grupo. MÉTODOS: Revisão de literatura. Como critério de inclusão, selecionou-se artigos publicados no período de 2010 a 2019, em língua portuguesa, nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e no BDENF (Banco de Dados da Enfermagem). Foram excluídos deste estudo artigos que não se encaixaram nos objetivos desta pesquisa. RESULTADOS: Ao todo foram analisados 16 artigos. Após a análise de cada artigo elegeu-se categorias distintas, a partir dos assuntos abordados a saber: Definição das necessidades nutricionais específicas para os idosos e os idosos e a promoção da qualidade de vida.CONCLUSÃO:O atendimento das necessidades alimentares e nutricionais dos idosos é fundamental para a manutenção da saúde, independência funcional e autonomia na qualidade de vida.
Palavras-Chave:Idosos. Necessidades nutricionais. Qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
Desde o início dos anos 90, a educação nutricional e a promoção da saúde têm se concentrado cada vez mais em desenvolver diretrizes que possam apresentar mais possibilidade de qualidade de vida aos idosos (SBGG, 2020). As necessidades nutricionais específicas para esse grupo requerem atenção especial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu que o envelhecimento e a nutrição são um crescente desafio global (KUWAE, 2015).
As melhorias na saúde pública e nos cuidados médicos são fatores bem reconhecidos para a redução da mortalidade infantil observadas na primeira metade do século XX (CÂNDIDO, 2016). O aumento da longevidade em adultos também é agora cada vez mais comum no mundo desenvolvido.
Ao final da década de 60, com a queda da mortalidade, aumento da expectativa de vida e o rápido declínio da fecundidade, iniciou-se um processo de melhoria nas condições de saúde, através de políticas públicas específicas. Ex: política nacional de saúde da pessoa idosa. (KUWAE, 2015). Observou-se, a partir de então, um crescimento relativo da proporção de idosos, que atualmente, representam 8,6% da população total, ultrapassado 15 milhões de brasileiros (MARTINS, 2016).
Essas mudanças demográficas resultaram em números crescentes e, portanto, proporções da população com mais de 60 anos. O tempo em que o número de pessoas mais idosas na população superam o quantitativo dos mais jovens está se aproximando rapidamente, estima-se que, até o ano de 2025, o número de pessoas no mundo com 60 anos e mais excederá 1,2 bilhão. Esse crescimento projetado na população idosa criará demandas adicionais significativas nos serviços de saúde e serviços de apoio (KERUZ, 2017).
Dieta e estilo de vida, aliados à manutenção de um peso corporal saudável, são importantes na manutenção da saúde em todas as faixas etárias, mas são cruciais para o envelhecimento saudável. Manter um bom estado nutricional tem implicações significativas para a saúde e o bem-estar, atrasando e reduzindo o risco de desenvolver doenças, mantendo a independência funcional e, assim, promovendo a vida independente continuada.
O Brasil, assim como os demais países latino-americanos, está passando por um processo de envelhecimento rápido e intenso, tornando importante o conhecimento do comportamento deste grupo para garantir aos idosos uma sobrevida maior com uma boa qualidade de vida (SANTOS, 2015).
Nessa perspectiva propôs-se esse estudo cujo objetivo foi realizar uma revisão na literatura sobre artigos e trabalhos científicos relacionados às necessidades nutricionais específicas dos idosos, bem como, os fatores que influenciam na promoção da qualidade de vida deste grupo.Esta pesquisa justifica-se dentro da necessidade de se dialogar mais a respeito do tema proposto, fortalecendo a prática de monitoramento dos padrões dietéticos e incentivo a práticas de alimentação saudável, com intuito de mitigar os efeitos da alimentação desequilibrada no estado geral de saúde e na incidência de morbidades em idosos.
MÉTODOS:
Trata-se de uma revisão bibliográfica baseada na literatura especializada através de consulta a artigos científicos. Para a seleção dos artigos foram utilizadas as seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e no BDENF (Banco de Dados da Enfermagem).Como critérios de inclusão, foram selecionados: publicações disponíveis on-line, artigos publicados no período de 2010 a 2019, em língua portuguesa que continham como temática principal as necessidades nutricionais específicas dos idosos e a promoção da qualidade de vida.. Foram utilizados como descritores os seguintes termos: Idosos, Necessidades nutricionais, Qualidade de Vida. Foram excluídos deste estudo artigos que não se encaixaram nos objetivos da pesquisa.
Após a busca dos artigos foram selecionados 16 artigos, sendo excluídos os que não estavam conforme os critérios de inclusão estabelecidos no estudo. Após a análise de cada artigo foram eleitas as categorias para apresentação dos resultados conforme os temas abordados.
O estudo não foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa por se tratar de uma revisão da literatura. Contudo, foram respeitadas as normas vigentes no Brasil relacionadas à ética na pesquisa com seres humanos, presentes na Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao todo foram selecionados 16 artigos, conforme os critérios de inclusão definidos, no período de 2010 a 2019. Após a análise de cada artigo decidiu-se pela apresentação dos resultados em 2 categorias distintas, a partir dos assuntos abordados a saber:Definição das necessidades nutricionais específicas dos idosos;Os idosos e a promoção da qualidade de vida;
DEFINIÇÃO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS DOS IDOSOS
Compreende-se que o envelhecimento é acompanhado por uma probabilidade aumentada de sofrer de uma ou mais doenças crônicas, como doenças respiratórias, artrite, derrame, depressão e demência. Essas condições podem afetar o apetite, a capacidade funcional ou a capacidade de engolir e digerir levando à alteração da ingestão alimentar e comprometimento do estado nutricional (MALLMANN et al., 2015).
Assim, o sabor e o cheiro diminuem com a idade e a dentição deficiente pode limitar a escolha de alimentos macios. A boca seca (xerostomia) é comum, dificultando a deglutição e evitando os alimentos. A má absorção de nutrientes essenciais pode resultar em alterações gastrointestinais, como gastrite atrófica. O esvaziamento gástrico diminui com o envelhecimento, com um potencial efeito prejudicial sobre o apetite. Todos esses fatores, de forma independente ou coletiva, podem levar a uma redução na ingestão de alimentos (WICHMANN et al., 2011).
Pereira (2014), explica que os idosos são particularmente vulneráveis à desnutrição. Além disso, o autor pondera que as tentativas de fornecer nutrição adequada a eles encontram muitos problemas práticos. Primeiro, suas necessidades nutricionais não estão bem definidas. Como a massa corporal magra e a taxa metabólica basal diminuem com a idade, a necessidade de energia de uma pessoa idosa por quilograma de peso corporal também é reduzida. Compreende-se assim a importância de uma dieta rica em proteínas.
O processo de envelhecimento também afeta as necessidades nutricionais. Por exemplo, embora os requisitos para alguns alimentos possam ser reduzidos, alguns dados sugerem que as condições para outros nutrientes essenciais podem de fato aumentar mais tarde na vida (SILVA et al., 2015). Existe, portanto, uma necessidade urgente de rever as atuais doses diárias recomendadas de nutrientes para este grupo. Também existe uma demanda crescente por diretrizes da OMS, que as autoridades nacionais competentes podem usar para atender às necessidades nutricionais de suas crescentes populações idosas (MALLMANN, 2015).
Muitas doenças sofridas por idosos são resultado de fatores alimentares, alguns dos quais estão em funcionamento desde a infância. Esses fatores são compostos por mudanças que ocorrem naturalmente com o processo de envelhecimento.
A gordura da dieta parece estar associada ao câncer de cólon, pâncreas e próstata. Fatores de risco aterogênicos, como aumento da pressão arterial, lipídios no sangue e intolerância à glicose, todos significativamente afetados por fatores alimentares, desempenham papel importante no desenvolvimento de doenças cardíacas coronárias (GOMES et al., 2016).
Doenças degenerativas, como doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, diabetes, osteoporose e câncer, que estão entre as doenças mais comuns que afetam os idosos, são todas afetadas pela dieta. Cada vez mais no debate sobre dieta / doença, o papel dos micronutrientes na promoção da saúde e na prevenção de doenças não transmissíveis está recebendo considerável atenção. A deficiência de micronutrientes são frequentemente comuns em idosos devido a vários fatores, como a ingestão reduzida de alimentos e a falta de variedade nos alimentos que ingerem (PEREIRA et al., 2014).
Outro fator importante segundo os autores Gomes et al., (2016), é o preço dos alimentos ricos em micronutrientes, o que desencoraja ainda mais o consumo. Para agravar essa situação, o fato de os idosos frequentemente sofrerem com a diminuição da função imune, o que contribui para o aumento da morbimortalidade deste grupo. Assumpção et al., (2014) complementam explicando que outras mudanças significativas relacionadas à idade incluem a perda da função cognitiva e a visão deteriorada, as quais prejudicam a boa saúde e os hábitos alimentares na velhice.
O colesterol sérico elevado, um fator de risco para doença cardíaca coronária em homens e mulheres, é comum em idosos e esse relacionamento persiste até a velhice. Tal como acontece com as pessoas mais jovens, a terapia medicamentosa deve ser considerada apenas após sérias tentativas de modificar a dieta. Os ensaios de intervenção mostraram que a redução da pressão arterial em 6 mmHg reduz o risco de derrame em 40% e de ataque cardíaco em 15%, e que uma redução de 10% na concentração de colesterol no sangue reduzirá o risco de doença cardíaca coronária em 30% (SILVA et al. 2015).
As mudanças na dieta parecem afetar os níveis de fatores de risco ao longo da vida e podem ter um impacto ainda maior nas pessoas idosas. Reduções relativamente modestas na ingestão saturada de gordura e sal, o que reduziria a pressão arterial e as concentrações de colesterol, poderiam ter um efeito substancial na redução da carga de doenças cardiovasculares. Aumentar o consumo de frutas e legumes em uma a duas porções diárias pode reduzir o risco cardiovascular em 30%(DUARTE, 2016).
O envelhecimento é acompanhado por muitas mudanças que podem dificultar o atendimento das necessidades nutricionais. Essas mudanças foram categorizadas em amplas categorias de aspectos físicos / fisiológicos e psicossociais. Atender às necessidades de dieta e nutrição das pessoas idosas é, portanto, crucial para a manutenção da saúde, independência funcional e qualidade de vida. Enquanto muitos idosos permanecem saudáveis e comem bem, aqueles com problemas de saúde podem ter dificuldades em atender às suas necessidades nutricionais (MALLMANN et al., 2015).
Comer de forma saudável torna-se especialmente importante à medida que se envelhece. Isso ocorre porque o envelhecimento está ligado a uma variedade de mudanças, incluindo deficiências nutricionais, diminuição da qualidade de vida e maus resultados para a saúde.
O baixo nível de ácido estomacal, segundo Duarte (2016), pode afetar a absorção de nutrientes, como vitamina B12, cálcio, ferro e magnésio. Outro desafio do envelhecimento é a necessidade reduzida de calorias. Infelizmente, isso cria um dilema nutricional. A partir desse esclarecimento, compreende-se que os adultos mais velhos precisam obter o máximo, se não mais, de alguns nutrientes, enquanto comem menos calorias. Assim, comer uma variedade de alimentos integrais e tomar um suplemento pode ajudar a atender às necessidades nutricionais. Entretanto, não pode-se considerar como uma recomendação generalista.
Segalla (2013), explica que pode haver uma variação para alguns idosos, ou seja, pode ser difícil atender às necessidades diárias de micronutrientes com essa ingestão calórica reduzida.A partir dessa orientação é possível perceber a importância do tratamento individualizado e atuação do profissional nutricionista.
No que tange ao estado nutricional dos idosos, Oliveira et al. (2013), compreendem que as alterações relacionadas à idade na composição corporal resultam em um leve declínio na massa corporal magra, especialmente após 70 anos.,. Concluem que esse declínio é geralmente mais dramático após os 60 anos, consequentemente, o metabolismo basal ou as necessidades de energia dos idosos diminuem em cerca de 100 kcal/dia por década.
Outro problema que as pessoas podem enfrentar à medida que envelhecem é uma redução na capacidade do corpo de reconhecer sentidos vitais, como fome e sede. O importante é prevenir que o idoso fique propenso à desidratação e perda de peso não intencional.
De acordo com os autores Oliveira et al., (2013), às doenças cardiovasculares, pulmonares e neurológicas, bem como a osteoartrite e a osteoporose, podem alterar os requisitos de energia em idosos, aumentando o gasto de energia ou reduzindo os requisitos através da perda muscular relacionada à inatividade.
As necessidades reais de energia podem variar amplamente das necessidades calculadas de energia devido a esses fatores. Isso torna os idosos um grupo heterogêneo e mais difícil de avaliar nutricionalmente. Um aumento nos requisitos metabólicos não foi associado a lesão por pressão, embora condições frequentemente concomitantes.
OS IDOSOS E A PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a Qualidade de Vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (OMS, 2005).
Dentro da literatura nacional encontra-se que o termo “qualidade de vida” é um tema abrangente, que envolve múltiplas definições, as quais enfatizam a ideia de bem-estar físico, emocional, social, econômico, satisfação com a própria vida e, ainda, boa condições de saúde, educação, moradia, transporte, lazer e crescimento individual, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades (CAMPOS, 2018).
A subjetividade de qualidade de vida relaciona-se à percepção pessoal sobre a vida, enquanto a bipolaridade refere-se aos elementos positivos e negativos vinculados ao construto. O caráter multidimensional, por sua vez, relaciona-se aos diferentes domínios envolvidos, tais como o físico, o psicológico, o social, o meio ambiente (ABREU, 2016; CHACHAMOVICH, 2015).
Estudiosos da área da geriatria como o autor Chachamovich (2015), passaram a demonstrar a necessidade de determinar o conceito de qualidade de vida em idosos e identificar quais fatores influenciam na qualidade de vida dessa população. De modo geral, a conceituação formulada a partir de grupos de idosos, envolve alguns determinantes como: saúde, participação social, auto-estima, mobilidade, atividades e condições de vida satisfatórias.
Na compreensão de Lebrão et al., (2014), à medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência (OMS, 2005). A velhice possui diversas faces, sobretudo numa sociedade como a brasileira, marcada pela desigualdade social, onde há uma exorbitante concentração de renda e consequentemente um alto índice de pobreza.
De acordo com Almeida (2019), o crescimento dessa população vem ocorrendo de forma muito acelerada e em condições socioeconômicas e culturais desfavoráveis que trazem impactos negativos para a qualidade de vida do indivíduo idoso, para a família e para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Existem cinco fatores que classificam a qualidade de vida e saúde do idoso, e, são recomendados para promover a saúde: vida independente, casa, ocupação, afeição e comunicação, se alguns desses motivos estiverem deficientes a qualidade de vida do idoso é comprometida. Esses aspectos mostram que muitos idosos com a saúde debilitada têm altos níveis de depressão e angustia e sentem bastante dificuldade em realizar tarefas cotidianas (SOUSA et al., 2011).
Os autores Oliveira et al., (2019) esclarecem que no âmbito da terceira idade qualidade de vida está intimamente relacionada à manutenção da autonomia nessa fase da vida. A avaliação da qualidade de vida em idosos sofre efeito de vários fatores, como preconceito dos profissionais e dos próprios pacientes em relação à velhice. Haja vista que o mesmo deve ter participação ativa no que é melhor e mais significativo para ele, pois a qualidade de vida é subjetiva e isto não é apenas uma questão metodológica, mas também ética (MALLMANN, 2015).
CONCLUSÃO
Os achados do presente estudo nos leva a concluir que embora muitos idosos permaneçam saudáveis e comam bem, aqueles com problemas de saúde podem ter dificuldades em atender às suas necessidades nutricionais. O atendimento das necessidades alimentares e nutricionais dos idosos é fundamental para a manutenção da saúde, independência funcional e qualidade de vida.
O crescimento exponencial de idosos longevos que ocorre atualmente no Brasil e no mundo desafia diferentes segmentos da sociedade à produção de conhecimento que resulte na compreensão de fatores que afetam diretamente a qualidade de vida (QV) desse grupo etário. Assim, a identificação desses fatores é essencial para promover intervenções direcionadas ao atendimento das demandas dessa população.
REFERÊNCIAS
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Informações sobre o trabalho
Irlanda Pereira dos Santos
Graduada em nutrição, concluindo pós graduação em nutrição clínica, espotiva, estetica e prescrição de fitoterápicos.
contato: irlanda050709ir@gmail.com
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